Pátio e Sub-Localidades

Por debaixo da máscara seus olhos buscavam um local onde a movimentação não fosse tanta como estava naquele pátio, a Amazona de Bronze buscava um pouco de tranquilidade, depois de passar um tempo treinando, queria descansar, sem que muitas pessoas a incomodassem, mas se encontrasse algum conhecido estaria satisfeita.
Trajava sua honrada armadura de Cisne, aquela que obteve depois de um longo treinamento, depois de virar Amazona, sequer viu seu mestre novamente, não havia necessidade, pois o conhecia melhor do que ninguém.
Havia passado — um pouco distante — de um pequeno grupo de cavaleiros — especificamente três cavaleiros — e achava aquilo tudo que acontecia, de certo modo interessante. Sentou-se em uma pedra um pouco distante daquele grupo, cruzou as pernas, apoiou o cotovelo na perna esquerda e apoiava o rosto na mão, e não deixa a de sorrir por debaixo da máscara, observando calmamente aquela situação.

Uriel ficou imóvel, observando o menino que parecia se deleitar com a situação. Pregar peças, ainda mais em Uriel, era algo interessante para ele até demais — apesar de, para o ruivo, não mostrar nada além do fato dele não ter crescido o suficiente. Nada além de uma criança, mimada e revoltada, cujo ao invés de lidar com seus demônios internos como um homem; um cavaleiro, o fazia como uma criança. Mesmo tendo pouco conhecimento de sua trajetória além do que todos sabem sobre seu parentesco com um certo dourado, estava longe de, na visão de Fênix, ser um adversário digno.

— Muito bem então. Eu te avisei. —

Fora breve em suas palavras; não precisava de muita enrolação. Na verdade, Mikhail estava somente o fazendo um favor ao tirar sua paciência. Não que fosse exatamente um prazer extremo pra ele lutar contra o garoto, no entanto, o prazer estava não exatamente em lutar, somente em o machucar. E já que estava disposto a isso… Veria até onde isso iria chegar.

Seu cosmo se elevou parcialmente, tomando a forma de uma densa aura ígnea que queimou ao seu redor. A energia singular de Uriel assemelhava-se ao fogo em sua mais pura essência, ardendo conforme a vontade de seu usuário; a sensação que induzia era totalmente diferente.
Os seus olhos, em resposta, ressoavam com o cosmo e assumiram uma cor vermelha, sem desfalcar do seu alvo. Ainda que sem mostrar a mitológica armadura de Fênix, Uriel parecia sério até demais para investir.


Em um milésimo de segundo, as chamas feitas de seu cosmo avançaram para cima da muralha feito um mar. Era um ataque direto sem segredo algum; avançavam incinerando tudo no caminho. Seria perigoso o fazer, devido a capacidade do fluido de reverter o ataque para o próprio usuário… mas para Uriel, isso não era problema.
O fogo jamais atingiria-o. Aquele que caminhou pelas chamas do inferno jamais se queimaria — tamanha era a sua habilidade que, simplesmente, tornou-se imune. As chamas não podiam o machucar, então, não fazia diferença alguma que voltassem contra ele. Já Mikhail podia estar em apuros se rapidamente não pensasse em outra forma de se defender, dado o ponto fraco da muralha de cristal que pode ser ultrapassado caso acertado; as chamas de Uriel, propositalmente, avançaram para acertar cada canto da matéria cristalina. Como Fênix já havia antecipado, a muralha não seria o suficiente para conter a sua cólera contra Mikhail.

As violentas chamas avançaram sem hesitação perante a muralha cristalina que foi erguida entre o Cavaleiro de Unicórnio e Uriel. O poder explosivo se chocou contra a muralha e, após pouco tempo, estraçalhou-a em pedaços — agora não mais havia algum muro entre Mikhail e Uriel. Ainda assim, o garoto parecia ter suas cartas na manga.

O ruivo semicerrou os olhos quando sentiu algo estranho. As suas labaredas sutilmente diminuíram o fluxo; algo estava interrompendo-as, apesar da habilidade do cavaleiro em controlar as mesmas como uma extensão de sua própria vontade. Possivelmente, os poderes telecinéticos do muviano estavam em ação… essa tal raça tinha habilidade nessa área. Era interessante, até certo ponto.

As chamas então pararam pouco antes de chegar em Mikhail. Agora não era uma muralha translúcida que se fazia presente, e sim, uma parede de chamas que ardiam em violência. O fogo não havia sido extinto, apesar do ataque aparentemente ter sido interrompido.
Atualmente aquilo foi útil pra Uriel, que não tardou pra se mover novamente. Em uma assustadora velocidade, atravessou o muro de chamas que acobertou os seus movimentos, surgindo bem na frente de Mikhail — seu punho direito, embebido em chamas e cerrado, estava pronto para aplicar um poderoso golpe no garoto e lançá-lo longe. Nada que fosse mortal graças à armadura que o loiro trajava, no entanto, carregava consigo um alto potencial pra o machucar seriamente, já que sua mente aparentemente se concentrou nas chamas do Cavaleiro.